O AVC (Acidente Vascular Cerebral) resulta de um bloqueio do fluxo de sangue (AVC Isquémico) ou de um rompimento de um vaso sanguíneo que conduz a uma hemorragia intracraniana (AVC Hemorrágico). Consequência desta lesão surge a ausência de oxigénio e de nutrientes a uma parte do cérebro e das suas células nervosas, que levam à destruição e a danos na função nervosa da zona em causa, e também na periferia da mesma.
A zona periférica é chamada zona de penumbra que é caracterizada por constituir tecido cerebral em risco de ser afetado de forma irreversível. Esse risco pode ser controlado não só pelo acompanhamento médico que deve ser feito, naturalmente, como também pela intervenção que é feita ao nível da reabilitação física. Ou seja, quanto mais cedo começar a intervir, mais facilmente se consegue colmatar o risco da zona de penumbra. Quanto melhor for essa intervenção, maiores serão os ganhos na recuperação da capacidade física do utente.
Neste aspeto, a Fisioterapia Neurológica tem um papel fundamental, pois, sabendo à partida as complexidades da lesão e os seus efeitos imediatos, consegue contornar o risco da irreversibilidade da zona de penumbra, através de uma intervenção específica e detalhada, no correto alinhamento e na medida certa, respeitando o tempo necessário para podermos solicitar certos movimentos e tarefas ao utente. Caso não seja feito nesta medida, existe não só o perigo de perdermos algum potencial de recuperação, como podem instalar-se compensações ou desalinhamentos que poderão trazer dor ao utente, nomeadamente o caso de um ombro doloroso.
Em tom de conclusão, é importante distinguir que uma lesão fruto de um AVC não se equivale a outras lesões musculoesqueléticas e que, portanto, não poderá ser tratado e abordado da mesma maneira. Daí a Fisioterapia Neurológica assumir um papel tão importante e fundamental nesta e noutras situações que envolvem diretamente o sistema nervoso.
Teresa Cruz
Fisioterapeuta