Em Portugal, estima-se que tenham sido diagnosticados 7.529 novos casos de cancro da próstata ao longo de 2022, representando assim a neoplasia mais frequente nos homens em Portugal.
Apesar da evolução dos tratamentos ter melhorado significativamente o prognóstico do cancro da próstata, as terapêuticas oncológicas causam efeitos secundários relevantes, tanto a curto como a longo prazo.
A prática regular de exercício físico, particularmente de exercício de fortalecimento muscular, é uma abordagem segura e eficaz para prevenir e mitigar os efeitos secundários das terapêuticas oncológicas em homens com cancro da próstata. Diversos estudos científicos demonstram os benefícios deste tipo de exercício, tanto no período pós-operatório, como durante o tratamento hormonal e, inclusivamente, na presença de metástases ósseas.
Após o tratamento cirúrgico
Após uma prostatectomia radical, muitos homens enfrentam efeitos adversos como perda de massa muscular, redução dos níveis de força, incontinência urinária e fadiga. Estudos demonstram que o treino dos músculos do pavimento pélvico em combinação com fortalecimento muscular global, pode ajudar a minimizar esses efeitos. Este tipo de exercícios aumenta a força muscular e a tolerância ao esforço após a cirurgia, além de melhorar a continência urinária e a qualidade de vida.
Durante a terapia de privação androgénica
Os doentes a realizarem terapêutica de privação androgénica (ADT), uma abordagem comum no tratamento do cancro da próstata avançado, frequentemente sofrem de perda de massa muscular, fadiga, aumento de gordura corporal, redução da densidade mineral óssea e têm um risco aumentado de doença cardiovascular. O exercício de força tem mostrado ser eficaz para reduzir os efeitos colaterais da terapêutica de privação androgénica, aumentando os níveis de massa muscular e de força, combatendo os sintomas de fadiga e ajudando a controlar os fatores de risco de doença cardiovascular.
Em pacientes com doença metastizada
Mesmo em casos de doença metastática, como a presença de metástases ósseas, o exercício de força pode ser realizado com segurança quando adaptado por profissionais qualificados, como fisioterapeutas com formação oncologia. Estudos indicam que este tipo de exercício pode ajudar a manter a força muscular e a mobilidade, além de melhorar a qualidade de vida. A segurança é uma prioridade, sendo necessário ajustar os tipos de exercício de acordo com as limitações individuais.
Na fase pós-tratamento
Para pacientes que já concluíram os tratamentos, o exercício de força pode desempenhar um papel importante na recuperação a longo prazo. Ajuda a prevenir a perda muscular associada ao envelhecimento e ao tratamento oncológico, melhora a densidade mineral óssea, promove a saúde cardiovascular e reduz os níveis de fadiga. Além disso, favorece o retorno a uma rotina ativa e saudável, contribuindo para uma melhor qualidade de vida global.
Conclusão
O exercício de força é uma ferramenta poderosa para apoiar homens com cancro da próstata em todas as fases da doença. No entanto, é essencial que os programas sejam supervisionados por profissionais de saúde especializados, como fisioterapeutas, para garantir a segurança e a eficácia do treino.
Com o objetivo de proporcionar a estes doentes os benefícios físicos e psicológicos da prática de exercício físico, a Physioclem desenvolve programas de exercício físico personalizados para homens com cancro da próstata, adaptados à fase da doença e à sua condição individual.
Pedro Machado
fisioterapeuta e investigador