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17 Oct 2024

Cancro da mama - Saber é poder! 

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Cancro da mama - Saber é poder! 

Neste mês dedicado à prevenção do cancro da mama relembramos que este é o cancro mais frequente na população e a 1.ª causa de morte precoce em mulheres. A cada 2 minutos ocorre um diagnóstico de cancro de mama no mundo (Globocan 2022). No entanto, embora a incidência deste quadro oncológico tenha vindo a aumentar de forma expressiva nos últimos anos, a mortalidade tem diminuído significativamente. Este facto está relacionado com uma abordagem de tratamento inovadora que vai muito além das conhecidas Quimio e Radioterapia. Hoje em dia terapêuticas sistémicas como a Hormonoterapia, a Imunoterapia, Terapêuticas Alvo e Terapêuticas de Suporte proporcionam protocolos de tratamento mais especializados que garantem melhores respostas e o aumento da taxa de sobrevivência. 

O diagnóstico precoce é determinante para um bom prognóstico. O autoexame é fulcral e é necessário conhecer os sinais e sintomas que não devem ser desvalorizados. 

 

SINTOMAS

  • Qualquer nódulo ou espessamanto na mama, perto da mama ou na zona da axila;
  • Sensibilidade no mamilo;
  • Alteração do tamanho ou forma da mama;
  • Retracção do mamilo (mamilo invertido);
  • Pele da mama, aréola ou mamilo com aspecto escamoso, vermelho ou inchado; pode apresentar saliências ou reentrâncias, com aspecto semelhante a “casca de laranja”;
  • Secreção ou perda de líquido pelo mamilo.

 

Apesar de importante, a auto palpação não deve substituir a realização de exames complementares periódicos, sendo os principais meios de diagnóstico a Mamografia, eventualmente com Ecografia, ou Ressonância Magnética, com confirmação histológica por biopsia. 

 

A investigação tem demonstrado que há mulheres que apresentam um risco aumentado para cancro da mama, que se acredita estar associado a determinados factores de risco: 

  • Idade: uma mulher com mais de 60 anos apresenta maior risco.
  • História pessoal ou familiar de cancro da mama: uma mulher que já tenha tido cancro da mama (numa mama), tem maior risco de ter esta doença na outra mama ou ainda se houver história familiar de cancro da mama. 
  • Alterações da mama: presença de hiperplasia atípica ou o carcinoma lobular in situ, aumenta o risco de cancro da mama.
  • Alterações genéticas: alterações em certos genes (BRCA1, BRCA2, entre outros) aumentam o risco de cancro da mama. 
  • Primeira gravidez depois dos 31 anos ou nuliparidade (mulheres que nunca tiveram filhos).
  • História menstrual longa.
  • Terapêutica hormonal de substituição: mulheres que fizeram terapêutica hormonal para a menopausa (apenas com estrogénios ou estrogénios e progesterona), durante 5 ou mais anos após a menopausa.
  • Radiação no peito antes dos 30 anos.
  • Densidade da mama.
  • Obesidade após a menopausa.
  • Hábitos alcoólicos e/ou tabágicos.

 

Perante um diagnóstico de cancro de mama é recomendada uma intervenção multimodal. Estudos atestam que, quando tratado em equipa multidisciplinar, o quadro de cancro da mama baixa 18% a sua taxa de mortalidade (BMJ, 2012). Integrada nesta abordagem holistica, a Fisioterapia acompanha todo o percurso da doença do sobrevivente de cancro, atuando nas fases de Pré-habilitação, Recuperação e Sobrevivência

. Pré-habilitação – Definida como o processo contínuo de cuidados que ocorre entre o diagnóstico de cancro e o início do tratamento agudo. Deve incluir uma avaliação física e psicológica para estabelecer um nível de base da capacidade funcional e identificar limitações. Deve oferecer intervenções direcionadas para preparar a pessoa para o evento stressante futuro, atenuar a perda da função fisiológica e psicossocial que está associada aos tratamentos a realizar e ajudar na adoção de hábitos de estilo de vida saudável. Compreende uma intervenção multimodal.

• Recuperação – Compreende a fase ativa dos tratamentos oncológicos. Deve incluir a reabilitação das limitações funcionais associadas aos procedimentos cirúrgicos e efeitos secundários imediatos dos tratamentos oncológicos da responsabilidade da intervenção da Fisioterapia. Deve ainda preservar/otimizar a aptidão física do doente, nomeadamente a sua aptidão cardiorrespiratória e força muscular, sendo estes determinantes para um melhor prognóstico.

• Sobrevivência – Corresponde à fase pós término dos tratamentos oncológicos agudos. Pretende-se tratar as sequelas/limitações que persistem ou efeitos secundários tardios, provocados pelos tratamentos oncológicos. De igual modo, promover autonomia e adoção de um estilo de vida saudável com a prática de exercício físico regular, adaptado à situação oncológica; promover resiliência, autoestima e adaptação à imagem corporal, como também integração familiar, social e profissional.

 

O cancro da mama é uma das doenças com maior impacto na nossa sociedade, não só por ser muito frequente, mas também porque agride um órgão cheio de simbolismo, na maternidade e na feminilidade.

 

Deter conhecimento sobre causas possíveis, o rastreio, sintomas, diagnóstico, tratamento e recuperação poderá ser uma excelente ferramenta durante todo o processo do doente. Ao Fisioterapeuta cabe o acompanhamento deste percurso garantindo valores como o compromisso, respeito, responsabilidade, ética e sensibilidade, proporcionando ao doente a melhor qualidade de vida possível ao longo da viagem. 

 

Sara Lourenço

Fisioterapeuta

 

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