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11 May 2022

Da Lesão à Motivação: a plasticidade como a nossa maior aliada

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Da Lesão à Motivação: a plasticidade como a nossa maior aliada

O nosso cérebro é um órgão complexo e com um conjunto de terminações nervosas que permitem-nos fazer um conjunto de tarefas, desde um simples movimento de acenar, até ao guiar um carro. A complexidade dos movimentos e das tarefas varia, como também varia o seu tempo de aprendizagem. Porém, quando o nosso cérebro consegue armazenar, processar e executar essa informação, qualquer tarefa torna-se quase imediata e sem que tenhamos muita necessidade de pensar sobre ela. 

Quando uma pessoa tem um AVC essa capacidade de processar e executar o movimento e a tarefa podem ficar comprometidos, dependendo da extensão da lesão e da sua gravidade. De repente, o simples movimento de acenar torna-se herculano e certas tarefas que fazem de nós autónomo, como andar, levantar, tomar banho, comer, etc..., passam a ser objetivos diários para que o utente se sinta mais capaz e independente.

Porém, independente da extensão da lesão ou da sua gravidade, o nosso cérebro não perde uma capacidade fundamental e basilar neste processo de aprendizagem: a sua plasticidade, ou seja, a sua capacidade para mudar a estrutura, modelar e moldar o seu funcionamento mediante a necessidade, como reacção à diversidade do meio envolvente. Este potencial adaptativo do sistema nervoso permite ao cérebro recuperar total ou parcialmente de uma lesão como a de um AVC. 

Para isso, é preciso expor o nosso sistema nervoso a um trabalho diverso, específico, muito repetido e trabalho. A fisioterapia assume um papel fundamental neste exercício de estimular, motivar e explorar todo o potencial de recuperação que existe. É, por isso, necessária uma avaliação concreta e minuciosa para averiguar esse potencial, e mediante essa avaliação constante e diária, ir moldando e moderando as expectativas face aos objetivos propostos pelo utente. É também necessário respeitar os princípios de um movimento eficaz e próximo do normal e ancorarmo-nos na neurociência para melhor guiar o sistema nervoso nesta sua adaptação e recuperação. 

Contudo, assim como não só de pão vive o homem, também o nosso cérebro e a sua plasticidade não vivem sem a motivação nem a capacidade que cada pessoa tem de se ajustar e responder às adversidades. Sabendo à partida que o nosso cérebro tem uma capacidade imensa de recuperar e de adaptar-se, o fisioterapeuta tem o dever de mostrar ao utente este potencial e que, apesar da incapacidade e da perda, tudo é passível de ser recuperado, melhorado, adaptado e conquistado. Havendo plasticidade, há caminho; havendo caminho, há esperança; havendo esperança, devemos trabalhar a motivação.

Teresa Cruz

Fisioterapeuta

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