Algumas alterações posturais, envolvendo a coluna vertebral e os membros inferiores, têm início na infância e na adolescência, ou seja, durante a fase de crescimento e desenvolvimento, acarretando problemas de saúde e de bem-estar dos jovens e futuros adultos.
A origem dessas alterações pode apresentar uma componente congénita, hereditária e/ou multifatorial, estando associadas a tempos inadequados de atividades escolares, transporte de mochilas com pesos elevados, mobiliário não adaptado às características ergométricas dos estudantes, grandes períodos sentados em frente ao computador e televisão, estilos de vida pouco saudáveis e sedentários.
O corpo da criança tende a compensar as forças a que a coluna vertebral está sujeita, a fim de alinhar os segmentos corporais realizando pequenos ajustes e adotando estratégias adaptativas, o que pode originar distúrbios musculares. Essas estratégias adaptativas e os distúrbios musculares, se não forem corrigidos, podem tornar-se definitivos desencadeando dor ou desconforto musculoesquelético, distúrbios funcionais (por exemplo: pulmonares, gastrointestinais) e levando ao desenvolvimento de patologia.
alterações posturais mais frequentes
Cabeça inclinada com rotação; anteriorização da cabeça; elevação, depressão ou protusão dos ombros; abdução ou adução escapular; pectus excavatum (peito escavado); pectus carinatum (peito em quilha); hipercifose; hiperlordose; escoliose; joelhos valgos ou varos; pés planos, cavos ou equinos.
Deste modo, é importante sensibilizar a população para a importância do diagnóstico precoce destas alterações posturais, com o objetivo de prevenir a sua evolução e, possíveis, consequências.
Para verificar se o seu filho(a) apresenta alguma alteração relevante, mesmo que não haja queixas de dor ou desconforto, é importante ter em conta os seguintes aspetos:
- A criança deve estar de roupa interior.
- Observá-la de frente na posição de pé (sinais de alerta: cabeça inclinada e/ou rodada para um lado, ombros e bacia desalinhados, ombros enrolados para a frente, meio do peito saliente, depressão no meio do peito, tronco inclinado para um lado, pernas arqueadas, joelhos juntos com pés afastados, planta dos pés com arco muito acentuado ou sem arco).
- Observá-la de lado na posição de pé (sinais de alerta: cabeça projetada para a frente, curvatura do meio das costas (dorsal) muito acentuada, curvatura do fundo das costas (lombar) muito marcada, costas todas planas, joelhos muito esticados para trás, joelhos dobrados para a frente, tronco inclinado para a frente, todo o corpo ligeiramente projetado para a frente).
- Observá-la de costas na posição de pé (sinais de alerta: cabeça inclinada e/ou rodada para um lado, ombros e bacia desalinhados, omoplatas desalinhadas e/ou muito salientes, tronco inclinado para um lado, pernas arqueadas, joelhos juntos com pés afastados. De pé, dobrada para a frente, ver uma e/ou duas zonas mais altas nas costas e/ou inclinar o tronco para um lado).
- Não existe uma idade específica ou momento para olhar para o seus filhos. Durante o crescimento, o corpo está em constante modificação por isso este deve tornar-se um hábito regular e, principalmente, mais frequente quando nota que o seu filho “deu um salto” em crescimento.
Na eventualidade de detetar alguns destes sinais de alerta, que podem ser acompanhados ou não de queixas de dor ou desconforto, é preferível procurar uma avaliação específica para despiste de patologia específica, eventual necessidade de tratamento e correção das alterações como forma preventiva de instalação de sintomatologia e patologia e aconselhamento futuro.
Lembre-se, quanto mais cedo são detetadas as alterações posturais, mais fácil e rapidamente são corrigidas.
Jessica Margarido
Fisioterapeuta