Falar com a Inês Pereira é envolvermo-nos num abraço do qual não queremos sair. A Inês é harmonia em cada palavra. Equilíbrio a cada gesto. Cada frase que partilha é sentida naquilo que vive interiormente, numa simplicidade tocante. Oferece como quem sabe receber. Recebe como quem sabe oferecer.
As paixões da nossa fisioterapeuta confundem-se com os seus sonhos. Ao longo de todo o seu percurso, pessoal ou profissional, tem vivido em sintonia com os valores com os quais cresceu. E aqui entra um homem muito especial da sua vida, o seu pai. “Tem um grande sentido de comunidade. Sempre ensinou a olhar para fora. O dever que temos em ajudar a desenvolver as estruturas sociais da terra”. Na juventude, este sentido apurou-se, mas já lá vamos… Já da mãe herdou o bichinho pela área saúde.
Os valores com quais vive alinham-se e fazem da Inês uma mulher marcante. A Inês que cuida, que ama, que vive intensamente os amigos, familiares, utentes. Por mais que possa tentar querer passar despercebida, a Inês jamais conseguirá. A Inês marca.
Desde pequena que nunca teve dúvidas: “Sabia que queria trabalhar com pessoas”. Foi através de uma das suas primas, já no Ensino Secundário, que teve o primeiro contacto com Fisioterapia. Daí não saiu mais.
Entra na Escola Superior de Saúde, do Instituto Politécnico de Setúbal, e inicia o seu percurso académico. Também ali a sua presença apaixonante e vibrante se faz sentir. Está na organização do primeiro Congresso Fisiotroia. “Queríamos reunir a fisioterapia em Portugal. Juntar os profissionais no mesmo espaço”. O seu grupo continuou com outras ideias pela cidade de Setúbal, ao criar iniciativas que sensibilizassem a população para questões relacionadas com a promoção de estilos de vida saudável, como, por exemplo, a adoção de posturas corretas.
Nas férias de verão da faculdade, do 3º para o 4º ano, o seu coração dispara numa outra direção. A Inês faz acontecer os sonhos, através do Grupo Missionário Ondjoyetu, da Diocese de Leiria-Fátima. Faz as malas e viaja com destino a Gungo, uma vila e comuna angolana.
Tinha 21 anos. “Naqueles 2 meses senti que fui receber. E foi egoísmo da minha parte. As pessoas recebem-nos como uma sede tão grande, ficam agradecidas apenas por chegarmos”. Deu formação em várias áreas e quando regressou tinha apenas um desejo: “A certeza de querer voltar”.
A certeza era tão intensa que em 2009 voltou. Por lá, ficou mais dois anos e meio. “Só fui uma vez a casa para ver os meus pais e voltei”. A experiência traduz-se nesta bonitas e humildes palavras: “Passei de uma jovem cheia de energia, para uma pessoa mais responsável, desenvolvi a sensibilidade e o bom senso”.
Lá as mulheres nascem para ter filhos, sendo a missão mais bonita das suas vidas. A partir dos 14 anos, começam a ser mães. “Passam de meninas a adultos, sem serem jovens”. E acrescenta: “Se já estão há algum tempo com um companheiro e não conseguem engravidar, as meninas choram por essa incapacidade. Sentem que têm deixar vida, tal como os seus pais lhes deram”. Quem chega são os manos. Quem os recebe tem sede de conhecimento: “Não podes ir embora enquanto não nos disseres tudo o que tens na cabeça. Num mundo farto de coisas, como aqui, isto nunca acontece”.
Está em Portugal. Sabe que quer voltar lá tantas e tantas outras vezes. A lua-de-mel, por exemplo, quer passá-la na vila angolana com o João, o seu companheiro. “Todas as histórias que lhe conto, faz com queira partilhar aquele cantinho comigo”.
Já levou consigo até Gungo alguns dos amigos com quem trabalhou numa clínica no Algarve, alguns anos da sua vida, acompanhada também da nossa fisioterapeuta Catarina Almeida.
Hoje está de regresso à sua terra natal (Leiria), para abraçar também um dos seus maiores sonhos, o de ser mãe. “Estou perto dos meus. Somos uma família numerosa, que sempre viveu de porta aberta”.
A Physioclem sempre foi uma das suas grandes referências na área da fisioterapia em Portugal, desde que saiu da faculdade, mas como tinha a missão debaixo de olho, optou por não gastar o cartucho. Seguiu-se o Algarve. No ano passado, ao regressar às origens, e depois de falar com a fisioterapeuta Catarina Almeida, ao mesmo tempo que tirava o curso de Osteopatia, decidiu enviar o seu CV para a Physioclem. A cereja em cima do bolo estava mesma à sua frente: uma oferta de emprego abria essa possibilidade.
“É um privilegio e uma bênção ter encontrado o Marco. E ter a oportunidade de crescer, assim, profissionalmente. Tenho aprendido imenso. Tenho espaço para cuidar das pessoas em todos os sentidos, seja da forma mais humana ou mais pessoal. Uma equipa muito competente e diversificada”, testemunha. “O Marco encabeça a equipa, põe-nos à vontade e é uma fonte de inspiração, não colocando travões naquilo em que acreditamos”.
Sobre o que mais a apaixona na fisioterapia, Inês Pereira não tem dúvidas: “são as pessoas. É um privilégio puder tocar-lhes. Gosto muito da parte pediátrica, mas não gosto menos dos adultos e dos idosos, seja nas áreas da musculoesquelética ou da reabilitação”.
Privilégio é o nosso em te ter entre nós, mulher bonita.
Luci Pais
Marketing e comunicação