Nas décadas de 60 e 70 do século passado, fruto da necessidade de proteger os atletas de alta competição que faziam entorses de repetição e cuja paragem implicava perdas financeiras elevadas, surgiram as primeiras aplicações de ligaduras funcionais como método de tratamento e prevenção das lesões.
Desde logo, a sua eficácia foi reconhecida e, na década de 80, passou a ser usada por fisioterapeutas nos mais diversos contextos. Nos dias de hoje, apesar de não ser uma novidade, continua a ser uma técnica da fisioterapia essencial na reabilitação após lesões cápsulo-ligamentares, tendinosas ou musculares. Este método caracteriza-se pela aplicação rigorosa de bandas elásticas e não elásticas, aderidas diretamente à pele, com o propósito de proteger a estrutura e, assim, acelerar o retorno às atividades diárias, laborais ou desportivas.
Fundamentos e aplicabilidade
Os efeitos da Ligadura Funcional advêm essencialmente da imobilização seletiva do movimento - limita os movimentos que requerem maior proteção e sem comprometer a amplitude de movimento global da articulação -, da compressão na região afetada - com efeitos ao nível do controlo da dor e edema - e pelo estímulo proprioceptivo que possibilita, fruto do retorno mais acelerado à atividade. O efeito protetivo permite restaurar a funcionalidade da área afetada, e, ao mesmo tempo, manter as condições para uma boa cicatrização dos tecidos lesados.
Vantagens e benefícios associados
Além da restrição seletiva do movimento, a Ligadura Funcional contribui para a redução da dor e do edema, prevenção de deformidades ou compensações posturais e facilita o retorno mais rápido ao padrão de movimento normal, o que tem um impacto positivo no processo de recuperação. A técnica tem demonstrado eficácia em diversas situações clínicas como roturas musculares, lesões tendinosas e lesões cápsulo-ligamentares.
Evidência científica subjacente
A literatura científica suporta a aplicação desta técnica no âmbito da reabilitação musculoesquelética, apontando para resultados muito positivos na estabilização mecânica do segmento lesado e no controlo dos sintomas associados. A metodologia de aplicação deve baseia-se em conhecimentos aprofundados de anatomia e biomecânica, e garantir uma abordagem personalizada e orientada para o mecanismo específico de lesão do utente.
Critérios para uma aplicação adequada
Para assegurar a implementação segura e adequada da Ligadura Funcional, é essencial ter um conhecimento aprofundado do mecanismo de lesão, o diagnóstico preciso da condição, o domínio sobre a anatomia e a biomecânica envolvidas, bem como deve ser feita uma seleção criteriosa do material a ser utilizado. É ainda crucial identificar os movimentos que precisam de ser restringidos e aqueles que devem permanecer livres, para fomentar a recuperação sem comprometer a funcionalidade.
Riscos e considerações
Apesar dos benefícios mencionados, a aplicação da Ligadura Funcional não está isenta de riscos, exigindo vigilância para a deteção de sintomas adversos, como aumento da dor, edema, parestesias ou alterações na coloração e temperatura da região tratada. Esta técnica deve, portanto, ser aplicada por profissionais de saúde qualificados, nomeadamente fisioterapeutas, que possuam as competências necessárias para avaliar, diagnosticar e implementar a Ligadura Funcional de maneira segura e eficaz. O seu uso prolongado pode também ter algumas implicações negativas na estabilidade dinâmica da articulação.
Se sofreu uma lesão musculoesquelética por entorse, distensão ou sobrecarga e ainda está na fase aguda, considere ser avaliado por um fisioterapeuta. Este profissional saberá dizer-lhe o que fazer e que técnicas aplicar. Caso seja aplicável no seu caso, a Ligadura Funcional poderá ajudá-lo a recuperar mais rápido, voltando mais cedo à sua atividade normal, de forma segura.