A importância da fisioterapia preventiva ou de manutenção
Fruto do stress do dia-a-dia, das tensões musculares e fasciais, das más posturas adotadas e mesmo de fatores hereditários, é normal que o corpo adote, ao longo do tempo, posições erradas, longe da posição anatómica ideal para permitir uma durabilidade maior das estruturas do corpo. A isto acresce ainda os microtraumatismos normais no decorrer das muitas atividades feitas no trabalho, desporto, tarefas de casa, os excessos de carga ocasionais e mesmo os erros alimentares e de hidratação, que trazem perturbações nas estruturas musculoesqueléticas (micro-lesões), com a instalação de pequenos processos inflamatórios. Estes, por sua vez, obrigam o corpo a adotar movimentos/posturas de defesa para evitar a dor, dado que é um dos pilares essenciais da nossa "programação": o evitar a dor. Adotar movimentos e/ou posturas ligeiramente alterados vai também contribuir para a alteração do alinhamento das partes do corpo e assim de todo o conjunto.
Com o passar do tempo, a modificação das forças exercidas na articulação pode levar a sobrecarga numas regiões e o inverso noutras, assim como a limitação do movimento nuns segmentos (hipomobilidades) e noutros segmentos hipermobilidades compensatórias. Estas perturbações levam a uma danificação progressiva das estruturas do corpo em regiões muito específicas, nas quais se instalará a patologia musculo-esquelética. Na fisioterapia, quando fazemos uma avaliação pormenorizada da postura e do movimento do corpo, é-nos possível ter uma ideia muito concreta sobre os locais onde há maior probabilidade de surgir patologia.
Se quebrarmos o ciclo descrito, ao evitar as alterações do alinhamento, através da restauração da mobilidade normal, libertação das tensões musculares e fasciais e de aderências causadas pelos micro-traumatismos e promovendo uma postura mais correta, podemos evitar a instalação da patologia musculoesquelética. Este trabalho preventivo é de extrema importância e tem vindo a ser defendido há muitos séculos, especialmente pelas culturas orientais, através de técnicas de movimento e massagem. Já no ocidente, pelo contrário, tem havido um desinvestimento na prevenção e investimento apenas no aspeto curativo da saúde.
A nossa experiência e a sensibilidade, face ao trabalho que desenvolvemos, demonstrada que é possível e é muito vantajoso fazer este trabalho preventivo através do acompanhamento regular do fisioterapeuta.
Marco Clemente
Fisioterapeuta e osteopata Physioclem