As infeções respiratórias são a patologia mais frequente nos bebés até aos 2 anos de idade.
A fisioterapia respiratória intervém com o objetivo de promover a desobstrução das vias aéreas, facilitar a ventilação e melhorar as trocas gasosas, permitindo assim um alívio dos sintomas.
Quando os pais detetam a presença de ruídos respiratórios no bebé é importante uma avaliação adequada pois poderá verificar-se um quadro de obstrução nasal. A tosse, presença de expetoração, acumulação de secreções e consequente dificuldade em expeli-las são também sinais a valorizar neste contexto.
O Fisioterapeuta poderá ajudar, com um conjunto de técnicas manuais, que permitem mobilizar e eliminar as secreções.
A lavagem nasal é recomendada como procedimento crucial de prevenção das infeções respiratórias no bebé, principalmente nos meses em que o quadro de infeções se manifesta mais frequente. É importante que os pais estejam familiarizados com esta técnica para que a possam replicá-la de forma diária, em casa, e assim ajudar os seus bebés a manterem a permeabilidade das vias aéreas superiores. Este procedimento é sobretudo importante nos bebés que ainda não sabem assoar o nariz, candidatos a obstrução das fossas nasais e por este motivo respiradores bucais em vez de nasais, como é suposto. Esta obstrução dificulta muitas vezes também todo o processo de alimentação e poderá ainda alterar o padrão de sono.
Dicas para uma lavagem nasal eficaz:
Material
- Soro fisiológico, em unidoses ou frasco
- Seringa de uso individual
- Adaptador de seringa
- Toalha
Perguntas mais frequentes:
1-Qual a posição mais segura para o meu bebé?
O bebé deve ser colocado na posição de sentado, com o tronco ligeiramente fletido e a cabeça inclinada para o lado contrário ao qual vamos introduzir o soro. Esta posição previne que o bebé se engasgue e que o soro e o muco progridam para o ouvido, evitando as otites, uma vez que o bebé até aos 2 anos de idade tem o canal que liga o nariz ao ouvido mais horizontalizado.
A toalha é usada para envolver o bebé, exercendo alguma contenção e mantendo-o seguro durante a lavagem nasal.
2- Quantas vezes se pode repetir o procedimento?
O processo deve ser repetido enquanto se verificar a obstrução do nariz do bebé e o soro não sair “limpo”.
A introdução do soro não deve ser feita de uma forma rápida, mas de uma forma contínua, observando-se a sua saída pela narina contrária, para permitir uma limpeza por arraste do muco, onde estão presentes impurezas, vírus ou até mesmo bactérias. Deve fazer-se o mesmo procedimento na narina contrária.
Este procedimento não tem número limite de vezes para ser realizado e a quantidade de soro a introduzir é variável.
3- Que quantidade de soro é seguro introduzir?
Até ao primeiro ano de idade deve ser administrada uma quantidade de 5 mL de soro fisiológico. Após o ano e meio poderão ser administrados até 10 mL de soro.
4- O soro deve estar a que temperatura?
O soro deve estar à temperatura ambiente para evitar que a mucosa das fossas nasais fique irritada. Pode ser ligeiramente aquecido, previamente à realização da técnica.
5- A lavagem nasal provoca otites?
Se for realizada uma boa avaliação e um ensino eficaz aos pais e cuidadores conseguimos melhorar sintomas respiratórios sem comprometer os ouvidos.
Realizar a lavagem nasal na posição correta, com a quantidade de soro indicada e os dispositivos adequados para cada idade é crucial para um procedimento seguro.
Nas sessões de fisioterapia respiratória pediátrica a/o Fisioterapeuta garante que os pais recebem toda a informação sobre quais as melhores estratégias para fazer a prevenção da doença respiratória do bebé e a gestão dos seus sintomas.
É feito também o ensino do procedimento da lavagem nasal e feitas as correções e ajustes necessários para que os pais se sintam confiantes para reproduzi-la em casa.
Sara Lourenço
fisioterapeuta