O rugby é conhecido como um desporto de contacto com embates de alta intensidade, sendo naturalmente e consequentemente associado a uma enorme incidência de lesões (Hind K. et al., 2020).
Uma equipa em que 1/3 dos atletas apresenta lesões associadas às épocas anteriores representam um grande desafio para o fisioterapeuta, por esses mesmos atletas terem uma probabilidade significativamente elevada de voltarem a ter novamente a mesma lesão ou outra.
De muitas lesões que podemos encontrar neste desporto há uma que temos de dar especial atenção, pelo tempo de recuperação e também pelas consequências futuras que trazem para o atleta, sendo a concussão cerebral. Esta é uma lesão cerebral traumática que resulta numa perturbação da função cerebral induzida por forças mecânicas. Existem muitos fatores que contribuem para o risco de concussão como a idade, o género, posição de jogo, força do pescoço, nutrição e qualidade de sono, Antrobus MR et al. (2021).
O fisioterapeuta tem de estar em permanente contacto com os atletas, treinador e equipa técnica para o melhor desempenho das suas funções, para que todos estejam em sintonia para que cada atleta sinta que todos os profissionais estão a trabalhar para ele.
No Rugby, tal como em outras modalidades, o fisioterapeuta combina o conhecimento das técnicas de terapia manual com o do exercício. É no exercício que a prevenção de lesões toma ainda mais relevância, pois está provado que um programa de prevenção de lesões deverá incluir exercícios de mobilidade, reforço muscular, melhoria da agilidade e propriocepção, tornando-se fulcral que estes mesmos exercícios estejam adaptados aos gestos técnicos da prática desportiva de cada modalidade.
Um ótimo exemplo dessa prevenção e muito especifico para o rugby é o programa ACTIVATE – este é um programa de exercícios estruturado que pode reduzir com eficácia o número de lesões para adolescentes e adultos. Este programa consegue reduzir 26%-40% nas lesões dos tecidos moles e 29% - 60% nas concussões. Para que o programa de prevenção de lesões seja completo, não podemos esquecer os aconselhamentos nutricionais e de sono, tendo estes que serem dados também por profissionais da área.
Assim, torna-se também crucial que o fisioterapeuta esteja centrado no atleta e integre uma equipa multidisciplinar tendo um papel crucial na prevenção de lesões, manutenção e/ou melhoria do desempenho do atleta, tratamento de lesões e retorno dos atletas à competição.
É com enorme satisfação que esta época (2021/2022) abraço este projeto com o Clube de Rugby das Caldas para que estes atletas consigam superar-se cada vez mais, sejam atletas completos e consigam atingir os seus objetivos.
João Jorge
Fisioterapeuta
Referências:
Hind K. et al. (2020). Cumulative Sport-Related Injuries and Longer Term Impact in Retired Male Elite- and Amateur-Level Rugby Code Athletes and Non-contact Athletes: A Retrospective Study Sports Medicine 50, pages 2051-2061
Antrobus MR, Brazier J, Stebbings GK, Day SH, Heffernan SM, Kilduff LP, Erskine RM, Williams AG. Genetic Factors That Could Affect Concussion Risk in Elite Rugby. Sports. 2021; 9(2):19