Quando pensamos em articulações e músculos lembramo-nos facilmente das ancas, dos joelhos, dos tornozelos, da coluna… Para o comum do cidadão, não profissional de saúde, é normal que nem nunca tenha pensado que quando falamos, rimos, mastigamos, engolimos, fazemos expressões faciais, usamos muitíssimo duas pequenas articulações e vários músculos: as articulações da boca ou articulações temporomandibulares (ATM).
Se pensarmos que deglutimos mais de 2.000 vezes por dia (falamos, mastigamos centenas de vezes e isto envolve o trabalho muscular e o movimento nestas articulações), é fácil perceber que também estas podem dar problemas. E com certeza darão muito mais se os dentes estiverem em posição incorreta, levando a um desvio da mandíbula para se conseguir cumprir a função, ou seja, mastigar.
Além do número de mastigações absolutamente necessárias, ainda acrescentamos mais umas centenas delas ao mastigar pastilhas, roer unhas, apertar os dendes (parafunção), entre tantas outras. Pior ainda se por questões de stress, excesso de preocupação, preciosismo exagerado, apertamos os dentes com força, criando um enorme aumento da tensão dos músculos mastigadores e da pressão articular. Durante a noite, podemos provocar estas pressões de forma muito exagerada, ao que chamamos bruxismo. Se for só apertar os dentes dizemos que é um bruxismo cêntrico, se além de apertar também fizermos desvios chamamos bruxismo excêntrico. Este, além da tensão muscular, leva a um enorme desgaste das articulações e dos dentes. Pode ainda desenvolver uma perturbação deste complexo articular se passar demasiado tempo com a boca em abertura máxima, como acontece frequentemente durante uma consulta do dentista, ou com os traumatismos na região. A ausência de dentes, principalmente dos molares, faz com que o maxilar superior e a mandíbula se aproximem, levando assim à compressão das articulações temporomandibulares e com isso maior desgaste.
Sim, o stress, o excesso de preocupação, e vários outros estados emocionais podem levar a perturbação das articulações temporomandibulares, tal como da qualidade do sono, da tensão dos músculos da cervical e de muitos outros.
Quais são as possíveis consequências?
Disfunção Temporomandibular, que provoca dor na região dos ouvidos ou irradiada para a cabeça ou face, alteração da mobilidade da boca e/ou ressaltos articulares, dor de cabeça (cefaleia tensional), dor cervical e por aí adiante. A estes podem ainda associar-se outros sintomas como as tonturas, náuseas, perturbações da audição...
Se tem uma destas alterações saiba que é possível tratar. Com a ajuda do seu médico dentista, ortodontista, fisioterapeuta, ou em alguns casos ainda o psicólogo, psiquiatra, terapeuta da fala, cirurgião maxilo-facial, ortoprotésico, é possível avaliar a causa dos sintomas e encontrar uma solução terapêutica adequada.
Marco Clemente
Fisioterapeuta e Osteopata