O pé é uma estrutura anatómica complexa responsável por suportar o peso corporal durante a posição ortostática, amortecer os impactos aquando a receção ao solo e coordenar os movimentos complexos durante a marcha de forma a impulsionar o nosso corpo para a frente. Perante estes aspetos, torna-se percetível que qualquer alteração no alinhamento do pé, reflete-se na postura em geral.
A existência de alterações morfológicas e condições patológicas são extremamente prevalentes na população em geral, interferindo e dificultando nas atividades da vida diária. Nos casos em que existe dor severa durante a marcha, as pessoas acabam por diminuir a sua atividade e adotam posturas e marchas antálgicas, levando a compensações. Estas compensações, promovem o desenvolvimento de alterações a nível articular e muscular, bem como dor/desconforto nessas regiões de compensação, relacionadas indiretamente com o pé, como por exemplo a coluna.
As alterações podem ser observadas nas diferentes regiões do pé: antepé, mediopé e retropé, sendo que para este tipo de condições, o tratamento conservador é sempre a primeira opção, nos quais se incluem os sapatos ortopédicos, as ortóteses plantares, a fisioterapia, os medicamentos orais e as intervenções invasivas (introdução de corticosteroides).
Na maioria dos casos, as alterações do antepé são resultantes da utilização de calçado inadequado ou de salto alto, alteração do alinhamento do pé e atrofia muscular, sendo as mais comuns a metatarsalgia, hallux valgus, hallux rígido, Neroma de Morton e deformidades dos dedos (garra e martelo).
No médiopé, as alterações estruturais estão relacionadas com o arco longitudinal medial, resultando em pé plano e pé cavo. No entanto, existem alterações que combinam o antepé, o retropé e o mediopé observado, por exemplo, no colapso do médio pé (combinação de pé plano, com retropé valgo, podendo ainda existir hallux valgus).
No retropé, a dor plantar na zona do calcâneo é uma condição incapacitante, tendo um impacto significativo da qualidade de vida relacionada com a saúde. A prevalência desta condição na população em geral varia entre 4% a 10%, sendo que nos atletas a prevalência aumenta para 5% a 18%. A fascíte plantar é relatada como a causa mais comum de dor plantar no calcâneo, com uma taxa de prevalência de 4% a 7% na população em geral e de 8% a 25% em atletas. A etiologia na maioria dos casos é desconhecida. Porém, existem alguns fatores que podem desencadear a inflamação, como é o caso da obesidade, limitação da dorsiflexão, encurtamento muscular, desalinhamento do retropé e idade avançada.
Na consulta do pé, realizamos uma avaliação detalhada através de observação clínica e plataforma baropodométrica, que nos proporciona uma avaliação pormenorizada dos eventuais desvios durante a posição ortostática, marcha e equilíbrio justificando a existência de desconforto ou dor, principal motivo de procura desta consulta.
Assim, através do conhecimento dos nossos profissionais, em conjunto com tecnologia inovadora, conseguimos aconselhar quem nos procura no melhor tratamento ou hábito a adotar.
Joana Sousa
fisioterapeuta