No verão deste ano (2020), uma equipa da International Association for the Study of Pain (ASP) publicou a revisão da definição de dor: “Uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a, ou semelhante àquela associada a, dano real ou potencial ao tecido”, ou seja, uma experiência sensorial desagradável ou angustiante que ocorre quando o organismo percebe uma lesão corporal atual ou iminente ou disfunção.
A essa definição, juntou seis notas chave:
- A dor é sempre uma experiência que é influenciada por fatores biológicos, psicológicos e sociais, em diferentes graus;
- A dor e a nociceção são fenómenos diferentes. A dor não pode ser inferida unicamente a partir da atividade dos neurónios sensoriais (nocicetores);
- A pessoa aprende o conceito de dor através das suas experiências de vida;
- Sempre que a pessoa reporta uma experiência de dor esta deve ser respeitada;
- Apesar de a dor habitualmente ter um papel adaptativo, pode ter efeitos adversos na funcionalidade e no bem-estar psicológico e social;
- A descrição oral da dor é apenas um dos diferentes comportamentos para exprimir a experiência. A incapacidade para a descrever não nega a possibilidade de a pessoa, ou animal, a estar a experienciar.
Faz-lhe sentido que a dor possa não estar sempre associada a um dano tecidular? Será uma experiência influenciada por fatores sociais?
Marco Clemente
Fisioterapeuta e osteopata